Junho viu acontecer três eventos distintos, onde vários músicos proporcionaram concertos memoráveis: o Duo Contracello apresentou o projecto multimédia “Ver os Sons, Ouvir Imagens” em Seia e Amesterdão; decorreram também três momentos do projecto “Integral da Música de Câmara de Joly Braga Santos”, sendo o primeiro garantido pelo Quarteto Lopes-Graça no Festival 20.21 – Évora Música Contemporânea e os restantes dois chegaram ao CCB (Lisboa) e ao CCCCB (Castelo Branco) pelos instrumentos de 13 exímios músicos. Ainda em Junho, no dia 21, Anne Kaasa (piano), Natasa Sibalic (soprano) e Alejandro Erlich Oliva juntaram-se em Amesterdão, para a nova edição do projecto CRIASONS e celebraram os 150 anos do nascimento do pianista e compositor José Vianna da Motta.
Duo Contracello apresentou “Ver os Sons, Ouvir Imagens” em Portugal e Holanda
O Duo Contracello, composto por Miguel Rocha (violoncelo) e Adriano Aguiar (contrabaixo) apresentaram o projecto “Ver os Sons, Ouvir Imagens” no Conservatório de Seia (1 Junho), no Conservatorium van Amsterdam (7 Junho) e no Q-Factory Amsterdam (8 Junho).
“Ver os Sons, Ouvir Imagens” é um evento multimédia de carácter performativo onde a música de Miguel Rocha e Adriano Aguiar interage com as imagens audiovisuais criadas por Mariana Irene Aparício, Inês Silva e João Pedro Oliveira, coordenadas ao vivo por Jaime Reis. O trabalho criativo em torno do cruzamento destas duas expressões artísticas permite criar um espectáculo multidimensional, proporcionando ao público novas e intensas experiências.
As três apresentações decorridas em Junho contaram com a estreia absoluta da obra “Dark Energy” de João Pedro Oliveira e de trabalhos de António Chagas Rosa, e ainda com peças de Isabel Soveral, Jaime Reis, Clotilde Rosa e Ângela Marques compostas especialmente para esta formação.
Uma parte do projecto “Ver os Sons, Ouvir Imagens” foi realizada em 2015 no XVII Festival de Música Contemporánea de Madrid, no Coma’15, no Festival DME (Seia, Santa Cruz e Lisboa), no IndiCtivE-Uno (Madrid) e no BASS2016 PRAGUE. O projecto continuará em 2018, estando já programados mais três concertos em Lisboa, Castelo Branco e Madrid.
Três momentos de celebração da obra de Joly Braga Santos
No ano do 30.º aniversário do desaparecimento de Joly Braga Santos (1924-1988), a Musicamera Produções apresentou três concertos, parte do projecto “Integral da Música de Câmara de Joly Braga Santos”.
O primeiro aconteceu no dia 6 de Junho, na 1ª edição do Festival 20.21 – Évora Música Contemporânea, em que o Quarteto Lopes-Graça interpretou peças de Joly Braga Santos e ainda o “Prelúdio à Sesta das Cigarras” do compositor, pianista e director do festival Amílcar Vasques Dias.
A 7 de Junho, Olga Prats (Piano), Leonor Braga Santos (Violeta), António Saiote (Clarinete), Nuno Ivo Cruz (Flauta), Ricardo Lopes (Oboé), Carolino Carreira (Fagote), Paulo Guerreiro (Trompa), Jorge Almeida (Trompete), António Quítalo (Trompete), Pedro Monteiro (Trompete), Jarret Buttler (Trombone), Vítor Faria (Trombone) e Ilídio Massacote (Tuba) subiram ao palco do CCB, em Lisboa, para o quarto e último concerto da série “Integral da Música de Câmara de Joly Braga Santos”.
Este mesmo programa foi apresentado pelos mesmos 13 músicos de excelência no dia 8 de Junho no CCCCB – Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco.
O projecto “Integral da Música de Câmara de Joly Braga Santos” da Musicamera Produções estreou no CCB em Novembro de 2017 e continuará a percorrer o país durante 2018 e 2019, num gesto de defesa e fruição de um acervo de uma das principais figuras da música portuguesa do século XX.
Together in recital, identidade e universalismo no Portugal cultural de hoje
Foi no dia 21 de Junho, na English Reformed Church, em Amesterdão, que se juntaram Anne Kaasa (piano), Natasa Sibalic (soprano) e Alejandro Erlich Oliva (contrabaixo e composição). Nenhum destes três intérpretes nasceu em Portugal, mas cada um deles encontrou em Portugal terreno fértil para o seu crescimento artístico. Neste recital celebraram-se os 150 anos do nascimento do pianista e compositor José Vianna da Motta e estrearam-se também três canções compostas por Erlich Oliva, a partir de poemas de Florbela Espanca, Marquesa de Aloma e Natália Correia.
Erlich Oliva foi o primeiro Contrabaixo Solista da Orquestra Gulbenkian (1976/2010) e fundador de diversos Ensembles de Música de Câmara de renome, como o Grupo ColecViva ou o Opus Ensemble. Natasa Sibalic, intérprete vocal de origem sérvia, já actuou nas mais importantes salas do país, entre as quais o Teatro Nacional de São Carlos, Teatro Nacional Dona Maria II, Teatro Municipal de São Luiz ou CCB. A pianista norueguesa Anne Kaasa é já conhecida do público português, especialmente na área da Música de Câmara, e tem actuado com alguns dos mais destacados músicos portugueses como Aníbal Lima, Luís Pacheco Cunha, António Saiote ou António Carrilho. Portugal é, assim, o denominador comum destes três artistas que levaram a Amesterdão, em Junho passado, “Together in recital”.