PROJECTOS EM CURSO
DESCOBRIR NORONHA
Por ocasião do bicentenário do seu nascimento, em terras vianenses, no âmbito deste projecto, estamos a promover a mais completa mostra de sempre da obra do compositor português Francisco de Sá Noronha (24 Fevereiro 1820, Viana do Castelo – 23 Janeiro 1881, Rio de Janeiro). Autor de um importante projecto de ópera nacional, compôs duas óperas baseadas em obras de Garret - Beatriz de Portugal e O Arco de Sant’Ana – e foi criador de numerosas operetas, algumas delas muito ao gosto do Brasil, onde viveu intermitentemente cerca de 30 anos. Noronha foi também o nosso mais importante violinista virtuoso do século XIX.
Foram assim convidados 2 violinistas virtuosos – um belga e um italiano – para promover o confronto da sua obra para violino com a de outros mestres seus contemporâneos - Paganini, Vieuxtemps, e outros violinistas seus contemporâneos e obras portuguesas para violino de todas as épocas.
Será gravada em CD a sua obra, e as suas partituras serão editadas e disseminadas gratuitamente por escolas de música e professores, com vista à inclusão de Noronha no canon do ensino do instrumento.
“Descobrir Noronha” cruza a sua vida aventurosa com a agitação do Liberalismo, período em que Portugal descobre novos rumos. Será um ano em cheio e em contra-relógio para inscrever Noronha na nossa história colectiva.

Músicos Solistas – ELIOT LAWSON, GIAN PAOLO PELOSO, LUÍS PACHECO CUNHA (violino), TAÍSSA POLIAKOVA (piano)
Orquestras – ORQUESTRA CLÁSSICA DA MADEIRA – Direcção – João Norberto Gomes; ORQUESTRA SINFONIETTA DE BRAGA – Direcção – Brian MacKay; ORQUESTRA FILARMONIA DAS BEIRAS – Direcção – António Vassallo Lourenço; ORQUESTRA CLÁSSICA DO SUL – Direcção – Rui Pinheiro, ORQUESTRA DO NORTE – Direcção – Fernando Marinho;
LOCAIS – FUNCHAL, CASCAIS, VIANA DO CASTELO, BRAGA, FERREIRA DO ZÊZERE, CASTELO BRANCO, VILA REAL, PRAIA DA VITÓRIA, AVEIRO, SETÚBAL, FARO, LISBOA, PORTO, GUIMARÃES, GOIÁS (Brasil)
OPERETA “OS NOIVOS” – UM PROJECTO “MUSICAMERA” em coprodução com a ESMAE (Porto) e Universidade de Goiás (Brasil)
FRANCISCO DE SÁ NORONHA
Violinista e compositor aventureiro e cosmopolita, Francisco de Sá Noronha nasceu em Viana do Castelo, a 24 de fevereiro de 1820, ano em que o liberalismo português, agora prestes a comemorar dois séculos, via também a luz do dia. Educado em Guimarães por um padre espanhol, fez da música a grande causa da sua vida e transformou-se no mais internacional dos violinistas portugueses do século XIX. Como um qualquer emigrante, rumou ao Brasil em 1838, numa travessia entre países irmãos que repetiria cinco vezes ao longo da sua vida e que, no plano pessoal, o levou conhecer a escritora argentina Juana Paula Manso, com quem esteve casado cerca de dez anos, e que se tornaria depois numa das primeiras grandes feministas sul-americanas.
Após passagens pelos Estados Unidos da América, Cuba e Reino Unido — onde o jornal Ilustrated London News reconheceu a sua mestria comparando-o a Paganini –, regressou a Portugal em 1854, fazendo-se ouvir em concertos em Lisboa, Porto e Guimarães. A partir de 1859, fixa-se entre nós por um período de quase duas décadas, e empreende uma luta contra tudo e todos para levar à cena as suas óperas, duas delas sobre temas nacionais. Em simultâneo, percorre muitas cidades portuguesas de província, exibindo-se em concerto.
Depois de um percurso de vida feito de aventuras, algum mistério — em particular no que toca às suas origens — e uma enorme capacidade de adaptação, Francisco de Sá Noronha morre no Rio de Janeiro, a 23 de janeiro de 1881. Cinco anos mais tarde, com base uma subscrição aberta nas redações de alguns jornais do Rio, os seus restos mortais são transladados para um novo monumento erguido no cemitério de S. Francisco Xavier dessa cidade. É também nesse momento, e graças aos esforços do eminente dramaturgo brasileiro Artur Azevedo, que tanto as suas partituras e como o seu violino (do construtor Karl Grim) são adquiridos por dois emigrantes portugueses radicados no Brasil e, em seguida, oferecidos ao Conservatório de Lisboa para que o seu nome não caísse totalmente no esquecimento.
A década seguinte assistirá à atribuição do nome de Francisco de Sá Noronha a uma rua no Porto. Este “génio rude e excêntrico” — como foi caracterizado pela imprensa de Nova Iorque — inseparável do violino e da partitura por criar, deixa uma obra de inegável interesse, que vai desde a ópera, opereta e música de cena à música sacra, desde a música para concerto à música vocal, atravessando tanto as fronteiras conceptuais quanto as geográficas.
SOLISTAS
VIOLINISTA
Eliot Lawson é de nacionalidade luso-americana, nasceu no ano de 1978 em Bruxelas.
Em 1989 foi selecionado por Sir Yehudi Menuhin para estudar na sua escola em Londres, mas prosseguiu os seus estudos musicais com L. Souroujon, H. Krebbers, I. Oistrakh, JJ. Kantorow, I. Grubert, P. Vernikov e Nelli Shkolnikova. Obteve com a mais grande distinção o Bachelor e Master no conservatório de Roterdão, o Master do conservatório de Bruxellas, o Artist Diploma na Indiana University e o diploma de “virtuosity” da Scuola di Musica di Fiesole. Escolhido com mais um colega violinista no meio de 250 outros violinistas, teve a oportunidade de tocar para Lorin Maazel, que o elogiou: "you are a marvelous violinist and a very fine artist".
Participou em vários concursos com sucesso: 1° Prémio no Jong Talent, no Jong Tenuto 1988, no Concurso De Beriot 1989 e 1996, no Prémio Jovens – RDP 1996 e no concurso internacional Dexia 1996. 2° Prémio do concurso de Herman Krebbers 1995. 3° Prémio e o Prémio da interpretação no concurso internacional Julio Cardona 1997 e 2001, finalista no Concurso Vieuxtemps 1998, no concurso P. Lantier 1999, no concurso Brahms 1999 e no Maasmond 2002. Prémio do melhor meio finalista no Concurso Mozart Internacional 1991, no concurso Tibor Varga 1998 e no Prémio Vittorio Gui 2002. Eliot deu vários concertos no mundo inteiro e participou em vários festivais e tocou em salas conhecidas entre outras de Singel, a sala Elisabeth, Bozar (Bruxelas), Dias de Musica (Lisboa), Festival de Flandres, Ars Musica, Théatre Varietés (Paris), Théatre Sebastopol (Lilles), Festival de Valónia, Festival de Bretanha, Festival Roussel, Centro Cultural de Belém (Lisboa) , Bruges 2002 Cidade da Cultura do Festival Europeia, de Doelen (Roterdão), Concertgebouw Amesterdão, Concertgebouw Tilburg, Jeunnesses Musicales, Jeugd en Muziek, para a Televisão Portuguesa e radio, para Canvas, Klara, RTBF, Musique 3. Eliot tocou como solista entre outras com o Lisbon Metropolitan Orquestra, Orquestra Sinfónica de Sófia, Orquestra de Câmara da Valónia, Orquestra Juvenil de Covilhã, Orquestra Sinfónica de Porto, Euregio Orquestra, Orquestra Sinfónica Flamenga, Orquestra Nacional da Bélgica, Orquestra Sinfónica da Madeira, Orquestra Sinfónica de Lovaina, Orquestra Sinfónica de Bonn, Juventude e Música de Antuérpia, Orquestra Juvenil de Lisboa, Orquestra Gulbenkian, Filarmónica Real de Flandres, Middle Tennesee Symphony, orquestre do Minho.
Eliot constitui um duo permanente com a sua irmã pianista, Jill e gravou vários CD para labels come Cypres, Fuga Libera, Festival Roussel, Brilliant Classics. Excelentes críticas nas revistas, tais como: Diapason, Crescendo, The Strad, Le Monde de Musique, Le Soir. Eliot é convidado regularmente como professor em Masterclasses na Bélgica, em Portugal, na Itália, no Luxemburgo, em França e nos Estados Unidos da América. Eliot é professor assistente no Conservatório de Amsterdão e professor na Universidade do Minho.
VIOLINISTA
Gian Paolo Peloso é considerado um dos melhores violinistas italianos. Estudou com alguns dos mais importantes pedagogos do século XX, incluindo o lendário Ruggiero Ricci, Ivry Gitlis, Igor Ozim, Gérard Poulet e Viktor Pikaisen. Fez a sua estreia aos 10 anos sob a direção do compositor Luciano Berio, e já actuou como solista com orquestras, em recitais e concertos de música de câmara por toda a Europa - Festival de Música de Câmara em Kuhmo na Finlândia, Festival Martha Argerich na Suiça, Festival Dom de Moscovo, Sun Festival em Singapura, Festival de Cannes em França e Carnegie Hall em New York. Gravou sonatas de Saint-Saëns e Poulenc para Radio Télévision Suisse, fez ‘tours’ com a Camerata de Lausanne, e tocou música de câmara com Sofia Gubaidulina, Mark Lubotsky, Pierre Amoyal e Bruno Canino. Foi nomeado Professor de violino no Conservatório de Música de Neuchâtel, na Suíça, e deu master classes em Itália e Hong Kong. Peloso é atualmente professor de violino na Academia de Artes Performativas de Hong Kong e toca um prestigioso violino Landolfi de 1755. O lendário violinista Ivry Gitlis diz sobre ele: “ … eu respeito e amo Peloso: um verdadeiro músico, da mais alta qualidade como solista e performer de música de câmara, e um professor de violino de primeira classe, uma honra para a nossa profissão e seu futuro ”.
VIOLINISTA
Actua como recitalista, músico de câmara e solista na maioria das cidades portuguesas, em Espanha, França, Suiça, Alemanha. Realizou tournées de concertos na Bélgica, Holanda, Inglaterra, Escócia, Irlanda, URSS/CEI e em Angola e gravou para a RDP, RTP, TVI e GOSSTELERADIO (Rússia). Cursou o Conservatório Tchaikovsky de Moscovo, a International Menhuin Music Academy, em Gstaad, Suiça, estagiou em Londres, França, Finlândia, com formadores como Zorya Chikhmourzaeva, Yossi Zivoni, Vasco Barbosa, Mikhail Kopelman, Sandor Végh, Yehudi Menhuin, Maria João Pires. Realizou, com Jean - Sébastien Béreau, um Estágio em Direcção de Orquestra, em Lisboa.
Foi membro das Orquestras Gulbenkian e do Teatro de São Carlos e concertino da Orquestra Sinfonia B, da Heidelberger Kammerorchester, da Orquestra da CNB da Orquestra do Festival MusicAtlântico e da Camerata Musicamera. Promove e actua em projectos pluridisciplinares de teatro musical tais como “Música para Pais e Filhos”, “Danças”; ou “O Navio dos Rebeldes”. Dirigiu, em 2008, no Teatro da Trindade, uma versão “revisitada” da ópera “Orfeu” de Gluck e, em 2009, no Centro Cultural de Belém, o “Dido e Eneias” de Purcell. Colaborou com Mísia no seu projecto de homenagem a Carlos Paredes – “Canto” - em recitais em quatro continentes. Gravou ainda com a fadista os álbuns “Drama Box”, “Lisboarium”, “Senhora da Noite” e “Pura Vida”.
É membro fundador e 1º violino do Quarteto Lopes-Graça. É professor de violino e música de câmara na Escola de Música do Conservatório Nacional, em Lisboa. Dirigiu a classe de Orquestra do Conservatório Metropolitano. Leccionou Didáctica e História do Violino na Universidade de Évora, Cursos de Formação de Docentes do Ensino Artístico Especializado e fundou, em 2008, os Cursos de Música do Pendão. É actualmente director artístico das Master - Classes ZezereArts, no Convento de Cristo, em Tomar. Em 2016 assumiu a Direcção Artística do Ciclo de Música no Convento dos Capuchos e em 2017, a Coordenação Artística e Produção Executiva da Ópera Soror Mariana Alcoforado, do compositor Amílcar Vasques-Dias, apresentada em Almada e em Évora. No Verão de 2019 foi responsável pela Direcção Artística e de Produção da Ópera Geraldo e Samira, que se apresentou no Festival Artes à Rua, em Évora.
A sua discografia inclui apresentações a solo com Orquestra – CD/ EXPO 98, Fantasia “Il Trovatore” de Sá Noronha, para Violino e Orquestra (RCA Classics, 1998) e CD “Quatro Estações”; de Vivaldi com a Orquestra Sinfonia B (Bajja Records, 2000); Recital - CD “Dancing Fiddle” (Numérica, 2008) e CD “Violino em Portugal” (Numérica, 2011), ambos com o pianista Eurico Rosado e ainda a colaboração de José Diniz (guitarra), Luís Gomes (clarinete) e Pedro Wallenstein (contrabaixo); Música de Câmara - CD “Quartetos de Santos Pinto” para MC/ IA, 2004; com o Quarteto Lopes Graça, de que é membro fundador, gravou, para a editora Numérica, o CD “Música Portuguesa para um Quarteto” (Numérica, 2009), com obras daquele autor e de António Victorino d’Almeida. Este trabalho foi vencedor do PRÉMIO AUTORES / RTP 2010, na categoria de “Melhor Trabalho de Música Erudita”. Também com este colectivo editou o CD “CRIASONS” (Numérica, 2011) e “LOPES-GRAÇA – COMPLETE MUSIC FOR STRING QUARTET AND PIANO” (Toccata Classics, 2014 e 2015). Já em 2019, editou o volume 1 da JOLY BRAGA SANTOS – COMPLETE CHAMBER MUSIC, incluindo os seus dois Quarteto e o Sexteto, e também o CD "CRIASONS II" (Editoras TOCCATA CLASSICS, NUMÉRICA, BMG/RCA, BAJJA Records, iTunes).
PIANISTA
Nascida em Lisboa, Taíssa Poliakova Cunha iniciou os seus estudos musicais no Conservatório Nacional de Lisboa. Obteve a licenciatura cum Laude no Conservatório Superior de Música de Castilla y León (Salamanca, 2013), onde estudou com Miriam Gómez-Morán e Alberto Rosado. Realizou o Mestrado em Música na Universidade de Aveiro, em Portugal sob orientação do Professor Fausto Neves, tendo recebido, após a sua conclusão, o prémio de Melhor Aluna do Mestrado em Música desse ano (2017). Estudou ainda, em regime particular, com a renomada professora, da Juilliard School de Nova Iorque, Oxana Yablonskaya, entre 2012 e 2017. Realizou apresentações pelo continente europeu com recitais solistas e em duo com a violinista portuguesa Matilde Loureiro. Juntas conquistaram o Primeiro Prémio em Música de Câmara no Concurso “Prémio Jovens Músicos” (Lisboa, 2008) e uma Menção de Honra no Concurso “Concertino Praha” (República Checa, 2009). Laureada também em vários concursos de piano, nomeadamente com o Prémio Especial no 16º Concurso Internacional de Piano Santa Cecília (Portugal, 2014), o 1º lugar e Melhor Interpretação de Obra Portuguesa no 10º Concurso de Piano da Póvoa de Varzim (Portugal, 2015), entre outros.
Apresentou-se com a Orquestra Sinfónica de Kiev no 3º Festival de Música “Dinastia” em Kiev, Ucrânia (2014), o que lhe valeu um prémio Vox Populi por votação do público. Ingressou na Universidade de Aveiro como Pianista-Acompanhadora, onde, de 2014 a 2017, trabalhou com as classes de Coro, Cordas, Saxofone e metais. Atualmente trabalha como Professora de Piano e Pianista Acompanhadora na Escola de Música do Colégio Moderno, em Lisboa. Participou em vários festivais, nacionais e internacionais, destacando-se o 1º Festival Internacional de Piano de Amarante (2015) e o Encontro EPTA de Pianistas e Professores de Piano de Portugal (2017). Viveu durante dois anos no Brasil (2017- 2019), onde se apresentou a solo, como artista de música de câmara e solista com orquestra (com o Maestro Alessandro Sangiorgi e a Orquestra Sinfónica da Universidade Estadual de Londrina, em 2018) em diversas cidades do país, além de leccionar regularmente em Londrina e Maringá.