Música e Migrações é o mote que pauteia a atividade do Quarteto Lopes-Graça nos últimos anos.
Parte de uma premissa tão simples como frontal: as Migrações, enquanto movimentos de pessoas propiciadores do contacto profícuo entre culturas, não são um facto a lamentar, nem um fenómeno a tolerar – são um processo a celebrar. Celebrar as Migrações, no pressuposto de que a diversidade étnico-racial e o diálogo intercultural são um desígnio inelutável a prosseguir pelos agentes culturais.
Celebramos as Migrações através da nossa linguagem, verdadeiramente universal – a Música.
O QLG vem demonstrando, ao longo dos seus já 20 anos de atividade, uma particular avidez multicultural, promovendo a música portuguesa além fronteiras e trazendo para “casa” criações oriundas de geografias menos comuns no roteiro internacional da música de câmara.
Anos anteriores levaram-nos a abraçar a música e a identidade dos Balcãs e da América do Sul.
Chegou agora o tempo de rumar a África, mais particularmente a Moçambique, onde nos espera em Maio uma digressão cheia de emoção e desafios – tocar música autóctone, com encomenda de uma obra original ao compositor Estêvão Chissano; partilhar o palco com outro músico moçambicano, o percussionista Aldovino Munguambe; trabalhar com os jovens do projeto Xiquitsi, uma iniciativa Kulungwana que visa a inserção social, bem como a capacitação profissional por intermédio do ensino coletivo da Música, iniciando assim, a formação da primeira Orquestra Clássica em Moçambique, dirigida pela maestrina Eldevina Materula.
Para esta viagem desenvolveremos programas repletos de novas sonoridades, a par da música de matriz autoral portuguesa que sempre nos acompanha.
Esses alinhamentos constituirão, também , o essencial da programação que levaremos a várias salas nacionais
Num tempo de radicalismos crescentes, diabolizadores do Outro e da Diferença, o projeto Música e Migrações visa representar um ato de júbilo artístico celebratório da diversidade que caracteriza o humano.

