
ÓPERA SOROR MARIANA ALCOFORADO
AMÍLCAR VASQUES - DIAS
Musicamera Produções concebeu e apresentou, em estreia absoluta, uma nova ópera do compositor Amílcar Vasques-Dias com libreto de Helena da Nóbrega. As primeiras apresentações ocorreram nos dias 16 e 17 de Junho e 02 de Julho de 2017, no Convento dos Capuchos, em Almada, tendo a produção seguido pouco depois, a 8 de Julho, até Évora, no âmbito do Festival Artes à Rua.
ARTISTAS PROFISSIONAIS
Diretor Musical e Coral - Brian MacKay
Equipa de Encenação / Movimento – Aldara Bizarro e F.Pedro Oliveira
Figurinista / Coordenação de Guarda-Roupa - Maria Luíz
Cenografia / coordenação – F. Pedro Oliveira
Desenho de Luz – Paulo Mendes
Produção Executiva / Direcção Artística – Luís Pacheco Cunha
Cantores solistas:
Mariana Alcoforado - Natasa Sibalic
Mariana (menina) – Maria João Augusto
Pai de Mariana Alcoforado (cantador) - Pedro Calado
Camponês / ceifeiro (cantador) – Manuel Caldeira
Madre Superiora – Telma Valente de Almeida
Orquestra – piano, cordas, oboé, clarinete / sax, percussão
ARTISTAS PARTICIPATIVOS
30 ELEMENTOS RECRUTADOS NO CONCELHO / REGIÃO
EQUIPAS
Coro de Noviças
Coro de Freiras
Coro de Camponeses e Burgueses
Corifeus “Gregos”
Coro de Cante Alentejano (35 elementos)
Audiovisual – 14 pessoas coordenadas por Américo Jones
Fotografia – 4 fotógrafos
Direcção de Cena / Frente de Sala / Comunicação – 20 pessoas
Guarda Roupa e Adereços – 22 pessoas
Trabalho em colaboração com o Conservatório de Música de Almada, os Agrupamentos de Escolas Francisco Simões, Ruy Luís Gomes, Escola Secundária Fernão Mendes Pinto e Universidade Sénior D. Sancho I.
COMO NASCE UMA ÓPERA
As “Cartas de Uma Freira Portuguesa” ou, simplesmente “Cartas Portuguesas” foram, pela primeira vez, publicadas em 1669.
Este romance epistolar pretendia apresentar as cartas originais contando a verdadeira história de uma freira que se apaixonou por um oficial francês, Noël Bouton, Marquis de Chamilly, mais tarde Marechal de França. A freira, desconhecida de início, seria mais tarde identificada como Mariana Alcoforado, nascida em Beja e filha de Francisco da Cunha Alcoforado.
É incerta a sua história como também não é certo quem escreveu as cartas. Provavelmente, terão sido obra de Gabriel de Guillerages, diplomata e jornalista francês, numa elaborada fraude literária perpetrada sobre um público incauto.
Estão escritas no estilo epistolar de Ovídio e de Abelardo e Heloísa.

© RÁDIO ÚNICA
Mas talvez haja uma história verdadeira por detrás das palavras de Mariana. A verdade é que o drama se “tornou viral” – as cartas são tão populares que o termo “portugaise” passou a designar uma “carta de amor apaixonada” na França setecentista.
Tão populares que são lidas ainda hoje. Reais ou falsas, contam uma história de amor, universal.
SINOPSE
Mariana Alcoforado é conhecida como a freira que escreveu – ou não* – uma série de cartas ao tenente francês Chamilly – que se tornaram famosas em toda a Europa ainda em sua vida e sem que ela o soubesse – depois de com ele ter vivido uma relação amorosa – ou não* – enquanto freira no Convento de Nossa Senhora da Conceição, em Beja. Viviam-se os conturbados anos da restauração da independência de Portugal, em que a região do Alentejo foi particularmente protagonista, pois aí se disputaram importantes batalhas para além de todo o tipo de resoluções e conjuras… A causa portuguesa tinha apoio militar de diferentes reinos – também com problemas territoriais e sucessórios, e em lutas com Castela. Não é, pois, de estranhar que homens estrangeiros se encontrassem no Alentejo e que os conventos não fossem somente locais de viver a fé, mas também locais onde famílias nobres e ricas colocavam as suas filhas.
Esta ópera é uma representação dramática cantada dos amores reais ou fictícios da freira portuguesa e do oficial francês. Mariana Alcoforado é uma jovem mulher, freira, presa às circunstâncias do seu tempo mas capaz de transgredir as regras conventuais (obediência, clausura e castidade).
O envolvimento amoroso é para Mariana como uma ‘causa’ capaz de mudar o sentir da sua vida inútil e solitária. Assim ela o viveu e sentiu. A decepção e desespero que se seguem ao seu abandono e esquecimento, – traduzidas de maneira tão exasperada, comovente e excessiva nas Cartas Portuguesas – são acontecimentos pessoais muito penosos porque Mariana não dispõe de recursos para modificar o decorrer da sua vida – ‘isso’ sim – o mais dramático neste libreto.
Mariana Alcoforado (1640-1723) terá entrado no Convento de Nossa Senhora da Conceição, em Beja, aos 12 anos, professado aos 16 e lá morreu aos 83 anos.
*Obra anónima, as Cartas Portuguesas supostamente traduzidas no século XVII em Paris a partir de originais portugueses – desde sempre desconhecidos – só muito mais tarde atribuídas por alguns à freira de Beja, tornaram-se uma obra de referência da literatura francesa, e um caso singular e dos mais curiosos na história literária pelas duvidas que levanta quanto à sua autoria. Esta obra traduzida será objeto de apropriação para a autoria portuguesa – bem como a figura simbólica de Mariana Alcoforado – revelando-se como um desígnio patriótico do chamado «século do nacionalismo português», particularmente visível no estado novo, necessário à afirmação e à identidade nacional revestindo-se de um carácter ideológico que serve os interesses da nação.
COMPONENTE COMUNITÁRIA DO PROJECTO
Na matriz deste Projecto entendemos dever estar a interacção com a comunidade – que desejamos se aproprie dela, não apenas como usufrutuária mas como participante activa.
Pretendeu-se facilitar a participação de agentes culturais e indivíduos disponíveis para uma intervenção artística no domínio das artes performativas, viabilizando-se o encontro de experiencias e saberes entre profissionais e amadores num trabalho de construção coletiva.
Promover a cooperação entre criadores “profissionais” e amadores motivados como garante de novas discursividades artísticas como também do envolvimento emocional / empático das comunidades com o produto da criação, proporcionando-lhe uma mais plena vivência e visibilidade, permitindo que se inscreva na comunidade como objecto “significante”.

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Foram convocados a participar coralistas amadores, jovens cantores em início de carreira e aficionados do canto e do teatro musical. Foram recrutadas, em Escolas de Música, jovens estudantes de canto para o papel de Soror Mariana “menina” e o grupo de Noviças. Estudantes de audiovisuais e de fotografia foram convocados a apresentar um trabalho sobre a criação da ópera Soror Mariana. Convidaram-se, ainda, estudantes do ensino artístico para a co-criação da cenografia, figurinos e adereços da produção operática.
PUDESSE EU VIVER DE LUZ
DOCUMENTÁRIO
Produzido e realizado pelo Curso Profissional de Técnico de Multimédia, do Agrupamento de Escolas Francisco Simões, com coordenação do professor Américo Jonas, a partir da residência artística da Ópera "Soror Mariana", que teve lugar no Convento dos Capuchos, em Almada, entre Janeiro e Julho de 2017.